OGÃ:
Como todos sabem, em uma casa
de Orixá, seja ela de Umbanda ou Candomblé, além do sacerdote, popularmente
chamado de Pai ou Mãe-de-Santo, possuem outros elementos que dão suporte aos
nossos trabalhos de Umbanda, e que são por excelência considerados autoridades
na casa. O Ogã é um destes elementos.
Uma das principais
características destes irmãos, é a capacidade mediúnica de ativar correntes
energéticas e vibratórias através do canto e do toque, dentro da Umbanda, são
eles o complemento fundamental para a concepção da força vibratória de um
terreiro.
Na Umbanda atual, tem
sido muito comum, encontrarmos ogãs que no decorrer das sessões, deixam os
atabaques para integrarem a corrente e conseqüentemente manifestarem seus
mentores. Neste caso, temos uma opinião pessoal á respeito, ou seja, estes
irmãos não podem ser considerados como Ogãs de fato, mas sim alguém que está
momentaneamente ajudando a casa tocando o atabaque.
Neste sentido, é
preciso esclarecer que, ser Ogã, é ser detentor de um privilegio de poucos, é
ser um sacerdote específico de louvor aos orixás, é ser responsável pela
alegria e vibração positiva do terreiro, responsabilidade que não se atribuí em
igualdade litúrgica aos médiuns de corrente, aos quais são atribuídas outras
responsabilidades dentro da linha doutrinária de cada terreiro.
Na Umbanda os Ogãs
são naturalmente os tocadores de atabaque, ou simplesmente “Tabaqueiros”, são
elementos de extrema importância e confiança do líder espiritual da casa. O
Ogã de Umbanda, é por excelência um Pai espiritual, pois normalmente são
exímios conhecedores das rezas e fundamentos de cada orixá. Durante os
trabalhos, sabem a hora exata de se entoar cada canto, seja ele para limpeza de
um médium, ou seja para fortalecimento do terreiro.
É imprescindível
salientarmos que, a Umbanda possuí ensinamentos e fundamentos específicos para
a formação e fortalecimento do Ogã, enquanto parte de um corpo sacerdotal, no
entanto, notamos que a falta do conhecimento em muitos casos, fazem com que o
cargo ou título em questão, tenha um sentido menos valorativo em relação aos
demais dentro de um terreiro, o que não é verdade!, Pois o dom, é uma dádiva de
Deus, não é imposto, ele nasce com o homem.
Os fundamentos
litúrgicos em relação à formação do Ogã de Umbanda, são apenas atos que
confirmam o que Deus já consagrou, no entanto, a ausência destes atos na vida
do Ogã em nada diminui sua importância enquanto sacerdote, apenas deixa em
aberto alguns fundamentos de suma importância para o seu crescimento
espiritual, e de auto valorização do Ogã de Umbanda.
Meus amados tratem com
carinho e devoção seus Ogãs, pois são eles que de alguma forma, fazem com que
os caminhos á serem trilhados dentro da religião, seja menos penoso, mais
alegre e muito mais feliz.
CURIMBA:
É o nome que damos para
o grupo responsável pelos toques e cantos sagrados dentro de um terreiro de
Umbanda. São eles que percutem os atabaques (instrumentos sagrados de
percussão), assim como conhecem cantos para as muitas "partes" de
todo o ritual umbandista. Esses pontos cantados, junto dos toques de atabaque,
são de suma importância no decorrer da gira e por isso devem ser bem
fundamentados, esclarecidos e entendidos por todos nós.
Muitas são as funções
que os pontos cantados têm. Primeiramente uma função ritualística, onde os
pontos "marcam" todas as partes do ritual da casa. Assim temos pontos
para a defumação, abertura das giras, bater cabeça, etc.
Temos também a função
de ajudar na concentração dos médiuns. Os toques assim como os cantos envolvem
a mente do médium, não a deixando desviar – se do propósito do trabalho
espiritual. Além disso, a batida do atabaque induz o cérebro a emitir ondas
cerebrais diferentes do padrão comum, facilitando o transe mediúnico. Esse
processo também é muito utilizado nas culturas xamânicas do mundo afora.
Entrando na parte
espiritual, os cantos, quando vibrados de coração, atuam diretamente nos
chacras superiores, notavelmente o cardíaco, laríngeo e frontal, ativando – os
naturalmente e melhorando a sintonia com a espiritualidade superior, assim
como, os toques dos atabaques atuam nos chacras inferiores, criando condições
ideais para a prática da mediunidade de incorporação.
As ondas energéticas –
sonoras emitidas pela curimba, vão tomando todo o centro de Umbanda e vão
dissolvendo formas – pensamento negativas, energias pesadas agregadas nas auras
das pessoas, diluindo miasmas, larvas astrais, limpando e criando toda uma
atmosfera psíquica com condições ideais para a realização das práticas
espirituais. A curimba transforma – se em um verdadeiro "pólo"
irradiador de energia dentro do terreiro, potencializando ainda mais as
vibrações dos Orixás.
Os pontos transformam
– se em "orações cantadas", ou melhor, verdadeiras determinações de
magia, com um altíssimo poder de realização, pois é um fundamento sagrado e
divino. Poderíamos chamar tudo isso de "magia do som" dentro da
Umbanda.
A Curimba também é de
suma importância para a manutenção da ordem nos trabalhos espirituais, com os
seus pontos de "chamada" das linhas, "subida",
"firmeza", "saudação", etc. Entendam bem, os guias não são
chamados pelos atabaques como muitos dizem. Todos já encontram – se no espaço
físico - espiritual do terreiro antes mesmo do começo dos trabalhos. Portanto a
curimba não funciona como um "telefone", mas sim como uma
sustentadora da manifestação dos guias. O que realmente invoca os guias e os
Orixás são os nossos pensamentos e sentimentos positivos vibrados em vossas
direções. Muitas vezes ao cantar expressamos esse sentimentos, mas é o amor aos
Orixás a verdadeira invocação de Umbanda.
Falando agora da
função de atabaqueiro e curimbeiro, ou simplesmente da função de
"ogã" como popularmente as pessoas chamam na Umbanda, enfatizamos a
importância deles serem bem preparados para exercerem tal função em um
terreiro. Infelizmente ainda hoje a mentalidade de que o ogã é "qualquer
um que não incorpore" persiste. Mas afirmamos, o ogã como peça fundamental
dentro do ritual é também um médium intuitivo que tem como função comandar todo
o "setor" da curimba. Por isso faz - se necessário que seja escolhido
uma pessoa séria, estudada, conhecedora dos fundamentos da religião.
Além disso, o ideal é
que o "neófito" que busca ser um novo ogã procure uma escola de
curimba, onde aprenderá os fundamentos, os toques de nação e "como",
"o quê" e "quando" cantar.
Mulheres também podem
ser atabaqueiras e curimbeiras, SIM! O "cargo" de ogã vem do
candomblé e apenas é dado a pessoas do sexo masculino. A mulher no Candomblé
não toca atabaque, por alguns dogmas da religião, principalmente em relação à
menstruação. Na Umbanda não importamos dogmas e conceitos do candomblé, mas sim
seguimos os nossos, passados diretamente pelos nossos guias e mentores. Nuca
vimos um caboclo ou preto – velho proibindo mulher de tocar atabaque, por isso
afirmamos, na Umbanda mulher toca e canta sim e, diga – se de passagem, muitas
vezes melhor do que os próprios homens.
Por fim, queremos
fazer alguns comentários a cerca da espiritualidade que guia os trabalhos da
curimba. Muitas linhas de Umbanda existem no astral e trabalham ativamente
nele, apesar de não incorporarem. Existem muitas linhas de caboclos, exus,
pomba – giras, etc, que por motivos próprios trabalham nos
"bastidores", sem incorporarem ou tomarem a "linha de
frente" dos trabalhos espirituais. Também existe uma corrente de espíritos
que auxiliam nos toques e cantos da curimba. São mestres na música de Umbanda,
verdadeiros guardiões dos mistérios do "som". Normalmente apresentam
– se com a aparência de homens e mulheres negras, com forte complexão física
para os homens, e bela mas igualmente forte para as mulheres. Seus trajes
variam muito, indo desde a roupagem mais simples como um "escravo" da
época colonial, como até mesmo o terno e o vestido branco.
São espíritos
bondosos, muito alegres e divertidos, que com o cantar encantam a muitos no
astral. Alguns fazem – se presente auxiliando o toque, outros o canto e outros
ainda auxiliam a manutenção da energia e sua dissipação dentro do terreiro.
Muitas vezes chega a acontecer uma espécie de "incorporação" desses
guias com os ogãs, os inspirando a determinados toques e cantos. Qualquer
pessoa com experiência em curimba pode relatar casos aonde um ponto vem na hora
que ele é necessário e depois você simplesmente o esquece. Isso acontece sobre inspiração
desses mentores.
Algumas vezes também,
em festas de Umbanda e dos Orixás, onde muitos se reúnem, percebemos que
diversos espíritos chegam portando seus "tambores astrais",
percutindo – os a partir do astral, ajudando na sustentação e na energia das
festividades, potencializando ainda mais os toques dos atabaques e as energias
movimentadas.
Quando os guias,
incorporados fazem sua saudação à frente dos atabaques, estão saudando as
pessoas que tocam, estão pedindo para que as forças movimentadas pela curimba
sejam benéficas a todos, mas estão principalmente, saudando e agradecendo a
toda essa corrente de trabalhadores "anônimos" do astral. Estão
percebendo como muita coisa foge aos nossos sentidos em uma "simples"
e humilde gira de Umbanda?
Sabemos que esse
universo da curimba muitas vezes é pouco explicado, e muitos chegam a defender
a abolição dos atabaques dos centros de Umbanda. A isso, os próprios guias e
mentores de Umbanda respondem, tanto incentivando os toques e trazendo mentores
nesse "campo" , como também, abrindo turmas de estudo de Umbanda e
desenvolvimento mediúnico, onde percebemos claramente que o
"animismo" acontece por despreparo do médium, falta de estudo ou
orientação e não pelo uso de atabaques. Colocar a culpa nos atabaques é como
"tampar o sol com a peneira". Afinal, como explicado parágrafos
acima, o atabaque quando bem utilizado é ótima ferramenta para o
desenvolvimento mediúnico.








